"9ª EXPOSIÇÃO - O PESCADOR E O TEMPO - HOMENAGEM ALUSIVA AO DIA DO PESCADOR

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Criado em Terça, 18 Junho 2019

INTRODUÇÃO

A data comemorativa ao Dia do Pescador, dia 29 de junho, tem origem cristã. A data foi escolhida por ser Dia de São Pedro, o apóstolo de Jesus e pescador de profissão que é considerado padroeiro da pesca, santo protetor do pescador.

A pesca, como uma das atividades mais antigas da humanidade, tem importância social, econômica, cultural e principalmente histórica, pois achados arqueológicos de milhares de anos apontam o exercício destas atividades. Também a pesca está inserida no contexto bíblico, podendo ser encontradas diversas passagens em parábolas onde a pesca é citada.

Além do árduo trabalho, da insegurança que nosso pescador enfrenta a cada dia, ele tem ainda, a responsabilidade de manter o equilíbrio natural do meio ambiente, proteger o peixe da pesca predatória. Seu papel político dentro da sociedade também não é fácil, pois as responsabilidades assumidas por todo bom profissional, muitas vezes requer postura firme e mesmo administração de conflitos. É preciso promover a exploração sustentável no mar para garantir sua permanência para as próximas gerações.

 

EXPOSIÇÃO – O PESCADOR E O TEMPO

Com a Exposição O Pescador e o Tempo, objetivamos homenagear e ao mesmo tempo resgatar a importância do pescador para o município de Itapoá, pois que, são eles, após os índios e os escravos que por aqui passaram, os primeiros a pisar o chão e construir sua história nestas terras, ao mesmo tempo que também decidiram a história desta “Pedra que Surge” - Itapoá.

Ao pensarmos no pescador, lembramos como objetos que representam o seu árduo e fascinante trabalho, os “petrechos” da pesca, os barcos, que levam o pescador a viver as aventuras do mar, e permitem a busca do alimento que serve à toda comunidade. Os cestos usados pelos pescadores quando tarrafeiam pela praia. As âncoras que agarram e permitem manter os barcos durante a pesca no mar. As tarrafas, as varas, os remos, os lampiões. Os petrechos são muitos mas também é preciso lembrar que a atividade da pesca inspira a arte, assim, recebemos a gentil contribuição do artista que replica na arte, a vida no mar. A história das famílias que permitiram expor objetos que lhe são tão caros pela lembrança do ente querido que já não está mais aqui, mas como narrado pela filha Viviane ao dispor dos objetos do querido pai Vilmar Kolher saudosamente explicou “era o que o meu pai faria”. As filhas Viviane e Fernanda e a esposa Vera, tem orgulho de poder fazer aquilo que o querido Vilmar Kohler faria, pois Vilmar sempre foi muito atuante na comunidade. Ao contar as histórias das peças, Viviane lembra que o pai dizia que saiu ao mar com o barquinho e pescou a baleia, cujos ossos compõe as relíquias do pai. Na verdade trouxemos apenas duas vértebras do exemplar pois nosso espaço não comportaria trazer as demais peças do exemplar que a família ainda guarda, a cabeça do animal pesa o suficiente para necessitar ao menos dois homens para transportá-la.

A família da Dona Mi (Leonir Nogueira dos Santos) enviou por meio do Jonecir Soares uma mandíbula de cação, um casco de tartaruga e uma cuia, que nos tempos mais remotos, quando não tinham balança para a venda dos produtos do mar, mediam a quantidade do camarão em cuias. Estes objetos têm mais de 30 (trinta) anos e foram guardados como lembranças daqueles tempos da antiga Itapoá.

O artista André José dos Santos, que é formado em Educação Física, leciona desde 2007 na rede pública municipal, também foi pescador, exercendo as atividades por cerca de 15 (quinze) anos. Ele também contribuiu grandemente com a exposição, com seus exemplares que ele mesmo fez, em minúcias. Suas obras são muito apreciadas especialmente pela delicadeza e riqueza de detalhes, assim, nos agraciou com um quadro e três réplicas: 1 - Canoa de Remo de Voga (herança açoriana) que o artista trabalhou em um gracioso quadro; 2 – Canoa de Remo (usada em rios e baias); 3 – Bote ou Bateira (utilizado em todo litoral brasileiro) e 4 – o Barco - Baleeira de Pesca em Molhe, batizado Barra do Saí II (utilizado no sul e sudeste brasileiro).

A Colônia de Pescadores Z1, foi parceira cedendo uma réplica de barco com remos, um timão e um par de remos em tamanho natural. A instituição foi criada em 20 de abril de 1966. A Colônia tem como objetivo prestar o apoio necessário aos pescadores e o seu presidente é o Gabriel Pereira Gomes que apesar das responsabilidades que assumiu perante a instituição, continua exercendo as atividades da pesca. Por meio de ações da colônia os pescadores apresentam maior força para conquistar melhorias coletivas. A Colônia de pescadores Z1 também promove a tradicional “Festa do Pescador” que permite demonstrar a cultura local, por meio dos costumes e das comidas típicas. A Colônia foi também no passado não muito remoto, o local onde eram feitos os primeiros atendimentos de socorro aos moradores e turistas.

Também contribuiu com a exposição Münir Yalçinkaya, ele trabalhou como mecânico por muitos anos na Arábia Saudita e na Turquia, no Brasil ele é chefe de cozinha com seu próprio negócio que pretende expandir. Residente no Brasil há 5 (cinco) anos, apaixonou-se pela pesca artesanal e tem aprendido técnicas com diversos pescadores locais como o “Dodi” e o “Bife” que o ensinaram a lançar a tarrafa. Ele forneceu uma tarrafa, uma vara e uma âncora que ele mesmo fabricou.

Adriano Nunes Martendal, também exerce a pesca entre outras atividades laborais que desenvolve na cidade na região do Pontal do Norte. Adriano forneceu um gerival, instrumento utilizado na pesca de arrasto artesanal para captura do camarão branco ou rosa.

Os servidores Carlos, Mari e Roberto fotografaram o dia a dia e e o ambiente do pescador e o servidor da Câmara Francisco Xavier Soares colaborou trazendo com uma tarrafa e um cesto para coleta do peixe.

 

AGRADECIMENTOS

A Exposição – O Pescador e o Tempo, segue o exemplo dos costumes dos pescadores, construiu-se solidariamente, com o compartilhamento de várias personalidades da nossa comunidade. Sem a contribuição de cada um deles a exposição não seria possível, e, cada um dos participantes enriqueceu esta simbólica homenagem. A presente exposição foi gratamente elaborada à muitas mãos, foi realmente algo compartilhado desde o seu planejamento.

Juntar tais objetos somente foi possível a partir do apoio de muitas pessoas que se dispuseram a contribuir, desta forma há que se agradecer a cada um por ter cedido um pouco da sua história de família ou da comunidade. Nossa sincera gratidão a todos que tornaram possível a realização da exposição.

 

HOMENAGEM

Apresentamos à apreciação dos nossos munícipes, uma exposição que contempla uma das atividades mais antigas da humanidade, tal qual a conhecemos. Até mesmo na bíblia, em várias passagens Jesus e seus apóstolos enfrentavam os mares na atividade da pesca. No nosso município, uma das primeiras atividades comerciais realizadas foi a pesca.

O trabalho é difícil e as vezes é preciso contar com a “sorte”, ser abençoado. Já é uma vitória voltar para casa, pois a luta do pescador se inicia em terra, as vezes agraciados com o tempo favorável, mas muitas vezes seu amor pela profissão é tentado pelos ventos e marés turbulentos, mas tudo isto sempre fez parte da vida destes homens e mulheres. A aventura no mar, a luta contra o clima, o tempo, vencer as ondas e o vento… Ser pescador, é deixar em casa a família quando o sol ainda nem despertou. É saber que oram a esposa, os filhos, pais e irmãos, para a sua volta em segurança e com o alimento para sustentar a família. O suor do trabalho que lhe escorre todos os dias, sua pele queimada do sol, dignificam estas vidas. E depois de muitos anos nesta lida, contar suas histórias emocionantes aos netos, amigos, visitantes e aos turistas.

Cada objeto aqui exposto, tem uma história escondida, ou quem sabe quantas? O trabalho do pescador, é rude, mas também cheio de surpresas. Quem nunca ouviu falar das sereias que encantam os navegantes? Ou dos monstros marinhos que rondam e deixam alguns temerosos ao navegar? Mas o mais duro de todos, é o próprio mar e o vento, com estes não se pode brincar. Assim, a cada dia, é preciso aceitar sua imposição, e tem dias que eles dizem NÃO. São dias difíceis em que o risco não vale a pena, e o homem do mar, aprende a respeitar aquele que lhe dá o “pão” de cada dia. Reclui-se apenas a observar, pois que o bem mais precioso que possui este trabalhador, é o seu próprio conhecimento. Esta sabedoria lhe diz, quando é hora de se misturar ao mar e quando é hora de se juntar à terra firme.

Ser pescador requer conhecer os sinais que a natureza dá, saber do vento e das correntes, conhecer marcas naturais, estar cientes de fenômenos imprevisíveis, saber lidar com todos eles para alcançar o objetivo e trazer o sustento da família. E as vezes no transcorrer dos dias, o pescador precisa fazer muito mais do que pescar, conviver, viver, compartilhar. Ajudar faz parte do dia a dia destes homens e mulheres que construíram as primeiras histórias da nossa querida e hoje lapidada “Pedra Preciosa que Aponta”.

Ser pescador é ser aventureiro e corajoso, é ser forte e sábio, é amar e ser amado pois que a razão de todo embate para encontrar a vitória é sua família.

O pescador é um símbolo de trabalho e de coragem que construiu junto dos desbravadores, nossa cidade, trabalhando aqui, nos tempos mais remotos e difíceis, assistindo idas e vindas de muita gente e sustentando o crescimento desta comunidade.

Parabéns Pescador!

EPÍLOGO

É mister reconhecer a cultura do pescador como fato histórico e grandiosamente impactante na história da nossa cidade, especialmente considerando que, os primeiros moradores que constituíram comunidades nestas terras, depois dos índios, foram os pescadores. Os costumes foram transmitidos aos filhos, netos bisnetos e tem reflexos até na atualidade, apesar da globalização exacerbada que mescla tantas culturas de todas as partes do mundo. Mas, mesmo com ela, muitos dos filhos reconhecem a importância de se preservar a cultura passada de geração em geração. Quiçá esta simples, mas singela exposição, sirva além da homenagem, despertando as instituições para que num futuro próximo estabeleça metas e ações que permitam alcançar muito mais que a homenagem, mas também, o resgate histórico e de suma importância para uma cidade tão jovem administrativamente, mas com tantos fatos guardados nos corações dos seus cidadãos mais antigos. Que possa fazer reviver fatos esquecidos e recuperar momentos históricos perdidos para a comunidade mais jovem, mas intrínsecos na memória dos avós ainda presentes.

Que venha a alforria das memórias que liberta o conteúdo histórico deste povo a remir o que foi perdido. A ação necessária para reconhecer o devido valor de cada passo dado no passado que nos permitiu chegar a este presente, onde reina a esperança de poder ver brilhar nossas preciosas pedras representadas em cada um dos nossos concidadãos."

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